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Wednesday, October 31, 2007

Miolo de pão



Hoje eu abri a caixa dos meus óculos e encontrei os seus. Aqueles que você me emprestou quando fui a tua casa, porque eu tinha esquecido os meus. E fiquei sem me entender porque eu não os devolvi.

Foi aí que eu lembrei: tem uma cueca minha por aí. E uma camisa sua por aqui.

Aí me veio à cabeça aquela vez em que jantamos juntos. Não em um restaurante chique, como em nosso aniversário, mas aí em sua casa mesmo. Preparei uma torrada pra você, meio gelada, meio queimada, não sem antes cozinhar na chama do café seu pano de prato e quase destruir as suas taças de vinho.

Aí me perguntei o porquê de tudo isso.

E lembrei de uma história que minha mãe me contava, cada vez um pouco diferente, dependendo do grau de sono em que ela se encontrava:
"Era uma vez dois irmãos, meu amor, João e Maria, que espalhavam miolos de pão pela floresta com medo de se perder. "

Cuecas, camisas, o leite de soja em sua geladeira. Tudo isso não passa de miolo de pão.

Tudo isso é vontade de voltar pra sua/nossa casa.

Tudo isso não passa de vontade de ficar com você.