Um lugar para os que são, os que ainda não são e os que não vão chegar a ser, conversarem e trocarem experiências.

Friday, June 06, 2008

Querido pônei, querido pônei...

O menino estava ajoelhado no corredor bem em frente à porta do quarto. Aos seus pés, o seu brinquedo da irmã preferido, um cheiroso querido pônei. Azul.

Mesmo de onde estava, ele conseguia sentir o cheiro de talco do cavalinho. Só vários anos depois descobriria que esse cheiro era fabricado. Mas naquela tarde não. Em sua frente ele tinha um querido pônei azul e muito mal penteado, vejam que pecado...

SUSPENSE...

Isso, caríssimos amigos, o menino, bobinho como ele só decidiu pentear o querido pônei! E descobriu que ele não era só cheiroso, como também era macio.Em sua cabeça o hino dos queridos pôneis tocava sem parar, naquele chiado gostoso dos discos de vinil, que eram só os que o menino conhecia à época.

Só que o lesadinho aumentou muito o som da música em sua cabeça, já meio autista, e não ouviu o seu pai chegar.

Seu pai. Um cara já muito mais velho, cheio de planos econômicos na cabeça, e que não tinha lá muita sensibilidade pra cavalinhos, queridos ou não.

O disco que tocava o tema do desenho pulou com a bifa que o pai deu na cabeça do menino.

-Você não pode pentear essa boneca!Pra o pai do menino, tudo que não fosse carrinho, era boneca.

- Por quê?

Pra o pai do menino, seu filho tinha feito a pergunta mais imbecil do mundo.

- Isso é coisa de menina!

Como se tivesse descoberto o lápis de olho à prova d´água, o menino idiotinha falou:

- Ah, então eu quero ser menina!

O pai ficou sem entender nada, ou tinha entendido tudo, e assustado demais pra falar outra coisa, esbravejou:

- Nunca mais diga isso!E saiu batendo os cascos.

O menino ainda ficou parado um tempo. Se fosse algum tempo depois, o menino era que teria saído antes, não sem antes brandir o seu leque e saracutiar feito Xica da Silva. Mas ele precisou ficar ali naquela tarde pra poder ter a sua primeira lição de como as coisas são.

Reza a lenda que ele nunca mais sequer encostou em um querido pônei, mas até hoje cantarola a música de vez em quando.

Remasterizada.

É amigayzinhos mais inteligente, o menino sou eu! Hoje um pouco mais inteligente! Mas agora vamos rasgar!

- Oi, meu nome é David e eu penteava queridos pôneis..azuis...

TODOS –Oi, David!

E vocês? O que vocês faziam mesmo com alguém olhando? O que ajudou a acender em seus pais uma bela e peralta luzinha cor-de-rosa?

Tô no aguardo!