Confraternização!

Fala a verdade, se você não for daqueles gays assumidíssimos, nem dos que vivem absolutamente enfurnados no armário, você tem medo dessa palavra!

Porque confraternização é um momento único, onde as pessoas geralmente se encontram livres e leves.

E soltas.

Pior, onde as mulheres se encontram livres e acoolicamente soltas!

Sacaram o perigo?

Antes que você negue e diga que isso tudo é uma bobagem, vou te apresentar o principal argumento.

Ele se chama Luciana, tem em torno de trinta anos, separada, tem uma filha e não tem qualquer obrigação com pudores.

E passou a noite toda te cercando, como uma leoa do National Geographic.

A parte boa é que se ela agiu assim, nem todas as mulheres do escritório acham que você é gay. Sim, porque não se iluda, meu querido, uma mulher nunca vai dar em cima de alguém sem um plano previamente orquestrado com as amigas!

A parte ruim é que elas esquecem TODOS os pudores quando bebem, e o fato de você ter apelado para os seus princípios éticos dizendo que não está solteiro não adiantou muito não.

E tudo piora quando você reconhece os primeiros acordes do forró!

Claro que ela te pega pra dançar.

Claro que ela sarra sem parar deixando bem claras as intenções enquanto você tenta se esquivar com toda a delicadeza que a sua finesse permite.

Alguém falou em Pepe Lê Gambá?

Até que você desiste de apelar para os princípios dela e apela para a piedade, dizendo que está cansado e precisa tomar alguma coisa.

Saída pela direita!

Porque, se são determinadas as mulheres também são orgulhosas, e ela acaba por desistir, afinal, entendendo de uma vez por todas, não sei se pelas razões corretas, que desse mato não sai coelho!

E você suspira aliviado, suado e cansado, e pensa se não teria sido mais fácil sair do armário quando teve a sua vez de falar no microfone.

Mas afinal entende que a nossa condição é feita também de escolhas, e se você nem é uma biba rasgada nem um enrustido que ameaça sua carteirinha do clube ficando com mulheres, algum preço você tem que pagar.