Samsara*
Heitor tinha me pedido pra buscar esse amigo na casa dele. Afinal, o menino era de Sampa, não conhecia bem a cidade.
Não sabia se daria tempo, já eram quase sete a meia, a peça começava às oito e a Casa da Ribeira é bem firme nos seus horários. Chegou depois, não entra.
Ainda pensei em dizer que não ia dar certo, não sabia se o rapaz morava longe e não queria arriscar de perder a peça. Mas a educação falou mais alto e meu instinto materno gritou: “Porra, David, você vai deixar o menino ir sozinho de ônibus? Se acontecer alguma coisa? Se ele for roubado, assaltado, estu...”
O.K.! O.K.! Eu pego!
Heitor me explicou onde era a casa. Heitor me disse que era um amigo legal, que morava aqui faz algum tempo, mas não conhecia a cidade.
O que Heitor não me disse era que o amigo era uma gracinha.
E que já estava esperando embaixo do prédio quando chegamos.
Fomos assistir a peça, e o destino mais as filas lotadas deixaram a gente coladinho um do outro.
Não precisa dizer que quase não vi o espetáculo. O encostar da perna dele na minha criava faíscas. Depois os sussurros, sorrisos, alisadas sutilmente descaradas.
E fomos então ao Pepper´s. Lá, a coisa só melhorou. O álcool estava nos deixando perigosamente à vontade.
Rapidamente então, combinei de pedir a ajuda das minhas então caronas. Todo entenderam a situação, deixando-me só com ele.
Saímos cedo. Mãos dadas dentro do carro. Carinhos um pouco mais exaltados.
“Você fica chateado se eu não deixar você subir hoje?”
“Claro que não - menti eu- Mas por quê?”
“É que é uma coisa minha, não costumo agir assim”
“Vamos fazer assim, eu subo, te dou um beijo e vou embora, pode ser?”
“Pode.”
Bobo.
Já dentro do apartamento, meu escorpião tomou conta do peixe. E eu descobri que a boca do rapaz não era só bonita, era também muito inteligente.
Desceu a língua. Desci a língua.
Quase não conseguíramos chegar à cama. Nos beijávamos enquanto tirávamos a roupa, como em uma gincana de TV.
Mordi-lhe por cima da cueca enquanto procurava, com a boca libertar o seu pau. O cara só era pequeno na altura.
Duros, decididos, nos divertíamos. Em guarda. Deliciosos.
Camisinhas. Hidratantes. Morango e Pitanga. Cheiros, gostos. Dedos firmes abrindo caminho para o meu cacete. Bundinha branca recebendo gulosa o que eu tinha para oferecer.
Segurei-o pelo cabelo e enfiei fundo, enchendo a camisinha.
Satisfeitos, por enquanto, trocamos carícias e beijos, meio suados. O peixe dominou e escorpião.
Não havia necessidade de muita conversa.
Aí ele perguntou se eu queria que ligasse o ventilador. Aí ele me disse que ainda tinha uma última camisinha.
De quatro, como eu gosto. De barriga pra cima, com as perninhas no meu ombro, como eu gosto. Mordi-lhe o peito. Chupei-lhe o pau.
E ele gozou, com o meu pau em seu cu.
Adoro quando isso acontece.
“Tenho uma notícia não muito boa pra você” – foi o que ele disse.
Gelei.
“Você não vai dormir aqui”
Ufa!
Ele me levou até lá embaixo sob os olhares acusadores de um porteiro. Coitado. Foda-se!
Sorridente, liguei o carro em busca de um Pittsburgh. É quase meio psicológico. Sexo me dá uma fome quase instantânea.
***
“É! Caí na lábia do advogado! rsrsrsrs”
Foi a mensagem do outro dia. Que bom, gostosinho. Que bom que você não acreditou em mim.
*Samsara (संसार, perambulação) : o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos.
É a perpétua repetição do nascimento e morte, desde o passadoaté o presente e o futuro, através dos seis ilusórios reinos.
Namastê!