Um lugar para os que são, os que ainda não são e os que não vão chegar a ser, conversarem e trocarem experiências.

Thursday, March 27, 2008

Nós


Estávamos frente a frente, como inúmeras vezes.
Nervoso, procurava fugir os meus olhos do seu corpo. Das suas pernas bem torneadas, do volume que se formava naturalmente na parte de frente da sua calça.
Parei, sem palavras, bem diante de um sorriso de dentes bem feitos.
- Um nó de gravata?
Confirmei, sentindo-me meio ridículo com aquele pedaço de pano na mão.
- E você não sabe dar nó em gravata?
A voz me fazia uma pergunta simples, que meu tesão entendia de outro jeito. De outros jeitos.
- Exatamente. Por isso vim aqui a essa hora. Não quero que ninguém saiba que eu não sei dar nó em gravata.
O sorriso. Um sorriso honesto e aberto que entendia muito bem que eu não fui ali dar nó em gravata.
- Todo mundo já foi. Precisei terminar um relatório. Pra amanhã, acredita? A gente recebeu em cima da hora.
Ele dizia isso debruçado sobre o computador. A sua bunda, firme e decidida, se pronunciava sobre a calça fina, de uma boa marca.
Disse também algumas outras coisas mais, só que não ouvi. Andava hipnotizado por aquele traseiro.
- Que nó você quer?
Acordei.
- Como é?
- O tipo. Que tipo de nó você quer.
Um grande, firme e apertado.
- Ah, não sei, um clássico, né?
Ele sorriu mais uma vez. Touché.
- Certo.
Sem pedir licença, ele se colocou por trás de mim com a gravata na mão. Se eu não tivesse de pau duro ia parecer uma cena de um filme antigo de Hitchcock.
- É assim.
Segurou as minhas mãos nas dele e seguiu mostrando o caminho dos lados da gravata. Enquanto eu sentia o leve roçar do tecido da sua calça na minha.
A calça dele estaria menor, como a minha, ou era coisa da minha cabeça? Das minhas cabeças.
Achei que por um instante ele parou, com as mãos sobre as minhas. Senti o calor dos seus dedos e pedi que aquele momento durasse pra sempre.
- É isso. Deixa eu ver como ficou.
Se eu tivesse pensado na hora, não teria me virado, porque, de uma forma ou de outra, meu pau chegaria primeiro.
Mas não pensei. E me virei.
Por um milésimo de segundo, percebi que os olhos dele se voltaram para a minha calça. E o sorriso franco deu lugar a uma leve malícia.
- Gostou?
Gostei. Muito.
Por um segundo paramos e não havia mais nada a dizer. Ou se agiria ou não.
Estávamos no trabalho. Pela primeira vez, raciocinei.
- Ficou ótimo, cara, obrigadão, viu? - disse, meio sem jeito, testando a gravata.
- Aprendeu como se faz um nó? – perguntou, refestelado na cadeira, pernas abertas, era a cara do Denny, o namoradinho de Izzye que morre do coração em Grey´s Anatomy.
- Acho que sim.
- Qualquer coisa aparece. Posso fazer outros nós.
Sorri. Já não tínhamos mais motivos para esconder os paus duros.
Agradeci e me despedi. Mas não precisei me virar para sentir o seu olhar me acompanhando ao descer as escadas.
AMORE, ESSA É UMA OBRA DE FICÇÃO, QUALQUER SEMELHANÇA COM FATOS E PESSOAS É UMA MERA COINCIDÊNCIA

Monday, March 17, 2008

Pô, Marcelão...

É, Marcelão, preciso confessar...Até que eu achava você legal sim. Logo de cara você foi o homem que mais me chamou a atenção na casa. Tudo bem que tínhamos o Fernando, o Rafa Galego. Ah, meu Deus, o galego! Mas quando passou o interesse inicial, quando o verniz daqueles abdomens sarados caiu e deu lugar a um monte de pessoas de plástico com cabeças vazias e imaturas, sobrou você. Charmoso, com um corpo real, peludo e fofo, um ursinho carismático com um sorriso de derreter geleiras.
Você, doutor, foi o motivo de eu assistir o Big Brother, principalmente quando soube, através de um telefonema de um amigo, que você tinha admitido ser gay diante do Brasil todo. Que coragem, hein, doutor?
Foi por você que eu torci quando a casa te deixou meio de lado, quando você enfrentou a mal-amada horrorosa da Thalita, quando você peitou o homem - Lego Fernando.
Mas depois dos gritos de apoio quando os dois saíram, o caldo começou a entornar. E eu fiquei bem decepcionado quando você usou de seus conhecimentos de psiquiatria para provocar o pior que existe em cada um dos brothers da casa. Tá Marcelão, tudo bem que todo mundo foi começando a notar que a Bione é a maior sapa mesmo. O próprio Bial deu altas pistas em vários paredões. Mas precisava colocar a moça contra a parede? Será que ela não teria o direito de se manter na dela? E fala a verdade, querido, você só se meteu na história porque tava afim de Marcos, né não? Será que na guerra vale tudo mesmo?
E Gyselle então? Porra, cara...Começaram tão bem, rapaz. E de repente você se vê em desespero, atacando a moça com algo que ela te disse em particular. Atacando sem motivo nenhum, com o único propósito de provocar, ofender, atingir. E assim que você age profissionalmente também, Marcelo?
Gyselle, no fim das contas, também foi o estopim de um dos mais constrangedores episódios do programa. Aquele no qual você disse que “estava bi”. Como assim, Dr.? O senhorrr não acha que isso de estar bi é papo de adolescente confuso? Os verdadeiros bissexuais são poucos, muito poucos, Dr. Esse papinho aí foi na verdade um pulo pra trás na imagem que as pessoas fazem da gente, os gays. Quando uma mãe ouviu que você estava bi, ela se pegou na esperança do filho dela “se curar”. Ora, se um psiquiatra pode gostar de mulheres, meu filho pode deixar de ser gay, aleluia!
Não importa se você queria ou não queria ser ícone, Dr. Marcelo. Você foi. Não importa se a Globo editou ou não as imagens, porque se você não tivesse dado pano pra manga, eles não teriam o que editar, não é? A sua postura durante o programa acabou se mostrando imatura, insegura, de uma inaceitação de críticas quase sociopática.
Enfim, Dr. É uma pena. Vai ser duro aturar agora você nos programas da Globo criticando acidamente, como bom gay, todos os participantes, quando na verdade a gente sabe que tudo isso não passa de um pungente despeito por ter perdido, por não ter tido a atenção dos homens da casa.
É, Dr. Que sejam poucos os seus quinzes minutos de fama. Poucos como os três que você costumava conceder para que as outras pessoas da casa lhe falassem.