Um lugar para os que são, os que ainda não são e os que não vão chegar a ser, conversarem e trocarem experiências.

Sunday, September 16, 2007

Samsara*


Heitor tinha me pedido pra buscar esse amigo na casa dele. Afinal, o menino era de Sampa, não conhecia bem a cidade.

Não sabia se daria tempo, já eram quase sete a meia, a peça começava às oito e a Casa da Ribeira é bem firme nos seus horários. Chegou depois, não entra.

Ainda pensei em dizer que não ia dar certo, não sabia se o rapaz morava longe e não queria arriscar de perder a peça. Mas a educação falou mais alto e meu instinto materno gritou: “Porra, David, você vai deixar o menino ir sozinho de ônibus? Se acontecer alguma coisa? Se ele for roubado, assaltado, estu...”

O.K.! O.K.! Eu pego!

Heitor me explicou onde era a casa. Heitor me disse que era um amigo legal, que morava aqui faz algum tempo, mas não conhecia a cidade.

O que Heitor não me disse era que o amigo era uma gracinha.

E que já estava esperando embaixo do prédio quando chegamos.

Fomos assistir a peça, e o destino mais as filas lotadas deixaram a gente coladinho um do outro.

Não precisa dizer que quase não vi o espetáculo. O encostar da perna dele na minha criava faíscas. Depois os sussurros, sorrisos, alisadas sutilmente descaradas.

E fomos então ao Pepper´s. Lá, a coisa só melhorou. O álcool estava nos deixando perigosamente à vontade.

Rapidamente então, combinei de pedir a ajuda das minhas então caronas. Todo entenderam a situação, deixando-me só com ele.

Saímos cedo. Mãos dadas dentro do carro. Carinhos um pouco mais exaltados.

“Você fica chateado se eu não deixar você subir hoje?”
“Claro que não - menti eu- Mas por quê?”
“É que é uma coisa minha, não costumo agir assim”
“Vamos fazer assim, eu subo, te dou um beijo e vou embora, pode ser?”
“Pode.”

Bobo.

Já dentro do apartamento, meu escorpião tomou conta do peixe. E eu descobri que a boca do rapaz não era só bonita, era também muito inteligente.

Desceu a língua. Desci a língua.

Quase não conseguíramos chegar à cama. Nos beijávamos enquanto tirávamos a roupa, como em uma gincana de TV.

Mordi-lhe por cima da cueca enquanto procurava, com a boca libertar o seu pau. O cara só era pequeno na altura.

Duros, decididos, nos divertíamos. Em guarda. Deliciosos.
Camisinhas. Hidratantes. Morango e Pitanga. Cheiros, gostos. Dedos firmes abrindo caminho para o meu cacete. Bundinha branca recebendo gulosa o que eu tinha para oferecer.

Segurei-o pelo cabelo e enfiei fundo, enchendo a camisinha.

Satisfeitos, por enquanto, trocamos carícias e beijos, meio suados. O peixe dominou e escorpião.

Não havia necessidade de muita conversa.

Aí ele perguntou se eu queria que ligasse o ventilador. Aí ele me disse que ainda tinha uma última camisinha.

De quatro, como eu gosto. De barriga pra cima, com as perninhas no meu ombro, como eu gosto. Mordi-lhe o peito. Chupei-lhe o pau.

E ele gozou, com o meu pau em seu cu.

Adoro quando isso acontece.

“Tenho uma notícia não muito boa pra você” – foi o que ele disse.

Gelei.

“Você não vai dormir aqui”

Ufa!

Ele me levou até lá embaixo sob os olhares acusadores de um porteiro. Coitado. Foda-se!

Sorridente, liguei o carro em busca de um Pittsburgh. É quase meio psicológico. Sexo me dá uma fome quase instantânea.

***

“É! Caí na lábia do advogado! rsrsrsrs”

Foi a mensagem do outro dia. Que bom, gostosinho. Que bom que você não acreditou em mim.





*Samsara (संसार, perambulação) : o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos.

É a perpétua repetição do nascimento e morte, desde o passadoaté o presente e o futuro, através dos seis ilusórios reinos.

Namastê!